sábado, novembro 03, 2012

"Nunca vi uma feira como esta", diz Jeffery Deaver

Deaver está impressionado com a Feira do Livro de Porto Alegre

Crédito: Luis Ventura / CRL / Divulgação

O autor de “O Colecionador de Ossos, o norte-americano Jeffery Deaver, estará neste sábado, dia 3/11/2012, na 58ª Feira do Livro de Porto Alegre para falar sobre a nova investigação do criminologista Lincoln Rhyme, o livro “A Janela Quebrada” (Record) lançado em 2008 nos Estados Unidos e em 2012 no Brasil. Ele fala sobre este e os demais livros, como “Carte Blanche” (Record), em que traz James Bond de volta à ação, às 18h30 na Sala Leste do Santander Cultural, com mediação do jornalista Carlos André Moreira. Às 20h, ele autografa as duas obras mais recentes no Brasil na Praça de Autógrafos da Feira. Em entrevista a este jornalista e blogueiro, Deaver fala sobre os livros, sobre cinema, séries de tevê e o seu processo de construção de um livro, entre outros assuntos.



Pergunta - Qual será o assunto que irás tratar na mesa-redonda?
 Jeffery Deaver – Vou falar de A Janela Quebrada e também de Carte Blanche, mas vou falar de como escrevo os livros. Quero explicar meus métodos a meus fãs. Eu considero o livro como um produto, como um carro, um avião por exemplo. É preciso ser muito cuidadoso com a qualidade deste produto, porque o leitor vem sempre em primeiro lugar. Quero dar ao leitor algo agradável, instrutivo ou esclarecedor, que valha o tempo e o dinheiro da pessoa. Levo oito meses organizando os capítulos, pensando em personagens, tramas, mortes e viradas, até pensar o final. Faço como um engenheiro. Então sento e escrevo durante dois meses, seja para 150 páginas ou mil.

Pergunta - Além de “O Colecionador de Ossos” que te deu fama, houve algumas outras adaptações para TV e cinema?
Deaver - Quanto mais pessoas conhecerem meu trabalho, melhor. Gostei da adaptação de “O Colecionador de Ossos”. Denzel Washington está muito bem. Angelina Jolie estava se revelando uma grande atriz. Depois, fizeram mais dois telefilmes: “The Devil´s Teardrop”, com Natasha Henstridge, baseado no livro homônimo, e “Dead Silence”, adaptado de “A Maiden´s Grave”, com James Garner. Alguns autores dizem que detestam Hollywood, que destruiu suas obras, mas não devolvem o dinheiro dos direitos autorais para os estúdios. Como escritor, não tenho nada a ver com a versão cinematográfica de um livro meu. A experiência de assistir a um filme é diferente de ler um livro. Faço de tudo para chegar ao máximo de pessoas possível. Gosto também de séries de TV, como Boarwalk Empire, Dexter, Família Soprano. Estou envolvido na produção de uma série: “Murder in Small Town X”. Recebi um e-mail de um estúdio já interessado em adaptar “A Janela Quebrada”.

Frente a frente com este jornalista e blogueiro 

Crédito: Luis Ventura / CRL / Divulgação

Pergunta - Conheces alguns autores brasileiros?
Deaver - Não, não conheço. O problema é não haver traduções para o inglês, o que é uma pena. É a mesma coisa com as literaturas italiana, alemã e escandinava. Dos italianos, recentemente li Andrea Camilleri e o seu detetive Montalbano.

Pergunta - E sobre a Feira do Livro de Porto Alegre?
Deaver - Ela é maravilhosa. Já em feiras e festivais do livro no mundo inteiro, em lugares como Edimburgo, Frankfurt e no Japão e nunca havia tão grande e popular como esta feira. Ela é pelo menos dez vezes maior do que as dos Estados Unidos. A visão é fantástica, aqui na praça ou no Cais do Porto.  E as vistas são fantásticas, tanto aqui da praça, quanto do Cais do Porto. É inspirador.

Pergunta - O Brasil pode ser cenário para um dos seus próximos livros?
Deaver - Claro. Não uma história toda, mas uma parte da trama. Seria em Porto Alegre mesmo, pois um funcionário meu, o Adriano Rocha, é daqui. (Rocha é adestrador dos cães que Deaver leva a competições de Kennel Clubs nos Estados Unidos). O Cais me pareceu um lugar assustador, bom para a morte de algum personagem. O Adriano me disse para beber a cerveja Xingu e a caipirinha, que não tem em nenhum outro lugar.

Pergunta - E sobre os próximos livros?
Deaver - Estou terminando “The Kill Room” que deve ser publicado em junho de 2013. Será outro livro sobre o criminologista Lincoln Rhyme. Recentemente, publiquei “XO”, outra história da personagem Kathryn Dance. Uma Thurman já comprou esta história para filmar. Quero sempre dar aos leitores algo valioso, que rearranje suas percepções. Não consigo fazer isso como Jorge Luis Borges ou Gabriel García Marquez. Eles exploram coisas que levam os leitores com eles, a desfrutarem a obra com prazer.