Deaver está impressionado com a Feira do Livro de Porto Alegre |
Crédito: Luis Ventura / CRL / Divulgação
O autor de “O Colecionador de Ossos, o norte-americano Jeffery Deaver, estará neste sábado, dia 3/11/2012, na 58ª Feira do Livro de Porto Alegre para falar sobre a nova investigação do criminologista Lincoln Rhyme, o livro “A Janela Quebrada” (Record) lançado em 2008 nos Estados Unidos e em 2012 no Brasil. Ele fala sobre este e os demais livros, como “Carte Blanche” (Record), em que traz James Bond de volta à ação, às 18h30 na Sala Leste do Santander Cultural, com mediação do jornalista Carlos André Moreira. Às 20h, ele autografa as duas obras mais recentes no Brasil na Praça de Autógrafos da Feira. Em entrevista a este jornalista e blogueiro, Deaver fala sobre os livros, sobre cinema, séries de tevê e o seu processo de construção de um livro, entre outros assuntos.
Pergunta - Qual será o
assunto que irás tratar na mesa-redonda?
Jeffery Deaver – Vou falar de A Janela
Quebrada e também de Carte Blanche, mas vou falar de como escrevo os livros.
Quero explicar meus métodos a meus fãs. Eu considero o livro como um produto,
como um carro, um avião por exemplo. É preciso ser muito cuidadoso com a
qualidade deste produto, porque o leitor vem sempre em primeiro lugar. Quero
dar ao leitor algo agradável, instrutivo ou esclarecedor, que valha o tempo e o
dinheiro da pessoa. Levo oito meses organizando os capítulos, pensando em personagens,
tramas, mortes e viradas, até pensar o final. Faço como um engenheiro. Então
sento e escrevo durante dois meses, seja para 150 páginas ou mil.
Pergunta - Além de “O Colecionador
de Ossos” que te deu fama, houve algumas outras adaptações para TV e cinema?
Deaver - Quanto mais pessoas
conhecerem meu trabalho, melhor. Gostei da adaptação de “O Colecionador de
Ossos”. Denzel Washington está muito bem. Angelina Jolie estava se revelando
uma grande atriz. Depois, fizeram mais dois telefilmes: “The Devil´s Teardrop”,
com Natasha Henstridge, baseado no livro homônimo, e “Dead Silence”, adaptado
de “A Maiden´s Grave”, com James Garner. Alguns autores dizem que detestam Hollywood,
que destruiu suas obras, mas não devolvem o dinheiro dos direitos autorais para
os estúdios. Como escritor, não tenho nada a ver com a versão cinematográfica
de um livro meu. A experiência de assistir a um filme é diferente de ler um
livro. Faço de tudo para chegar ao máximo de pessoas possível. Gosto também de
séries de TV, como Boarwalk Empire, Dexter, Família Soprano. Estou envolvido na
produção de uma série: “Murder in Small Town X”. Recebi um e-mail de um estúdio
já interessado em adaptar “A Janela Quebrada”.
Frente a frente com este jornalista e blogueiro |
Crédito: Luis Ventura / CRL / Divulgação
Pergunta - Conheces alguns autores
brasileiros?
Deaver - Não, não conheço. O
problema é não haver traduções para o inglês, o que é uma pena. É a mesma coisa
com as literaturas italiana, alemã e escandinava. Dos italianos, recentemente
li Andrea Camilleri e o seu detetive Montalbano.
Pergunta - E sobre a Feira do Livro
de Porto Alegre?
Deaver - Ela é maravilhosa.
Já em feiras e festivais do livro no mundo inteiro, em lugares como Edimburgo, Frankfurt
e no Japão e nunca havia tão grande e popular como esta feira. Ela é pelo menos
dez vezes maior do que as dos Estados Unidos. A visão é fantástica, aqui na
praça ou no Cais do Porto. E as vistas
são fantásticas, tanto aqui da praça, quanto do Cais do Porto. É inspirador.
Pergunta - O Brasil pode ser
cenário para um dos seus próximos livros?
Deaver - Claro. Não uma
história toda, mas uma parte da trama. Seria em Porto Alegre mesmo, pois
um funcionário meu, o Adriano Rocha, é daqui. (Rocha é adestrador dos cães que
Deaver leva a competições de Kennel Clubs nos Estados Unidos). O Cais me
pareceu um lugar assustador, bom para a morte de algum personagem. O Adriano me
disse para beber a cerveja Xingu e a caipirinha, que não tem em nenhum outro
lugar.
Pergunta - E sobre os próximos livros?
Deaver - Estou terminando “The Kill
Room” que deve ser publicado em junho de 2013. Será outro livro sobre o
criminologista Lincoln Rhyme. Recentemente, publiquei “XO”, outra história da
personagem Kathryn Dance. Uma Thurman já comprou esta história para filmar.
Quero sempre dar aos leitores algo valioso, que rearranje suas percepções. Não
consigo fazer isso como Jorge Luis Borges ou Gabriel García Marquez. Eles
exploram coisas que levam os leitores com eles, a desfrutarem a obra com
prazer.