Críticas de literatura (textos) e cinema (telona) e também de teatro e música, quando necessário. Artes visuais somente para fruição. Alguma entrevista mais especial também terá vez.
segunda-feira, junho 05, 2006
Status, para quê?
Título: Desejo de status
Autor: Alain de Botton
Tradutora: Ryta Vinagre
Páginas: 304
Preço: R$ 39,50
Editora: Rocco
Status, para quê?
Com Desejo de status, o filósofo suíço Alain de Botton mais uma vez nos premia com uma obra de erudição acessível, desta feita com vários referenciais teóricos, nem tão filosóficos de obras anteriores como Movimento romântico ou As consolações da filosofia. O foco deste livro é o status, a posição na sociedade ou como as sociedades ao longo da história elencaram o que era e não era importante. Ao longo das 304 páginas da brochura, Botton dá o antídoto para a hierarquização boba dada basicamente pela riqueza e bem-sucedismo. Os exemplos ao longo do livro são muitos. Para cada Aristóteles dizendo que os homens são livres ou escravos pela natureza, as resignações de Santo Agostinho ou o darwinismo social de Herbert Spencer, Botton devolve com Rousseau, para qual a maior riqueza era ter o suficiente, ou com o pintor Jean-Baptiste Chardin e escritora Jane Austen, que preferiam se centrar nos desgraçados, nos desfavorecidos, condenados pela sociedade meritocrática. Na soluções apontadas por Botton para tratar o problema do desejo de status, estão como sempre a filosofia, a arte, a política, o cristianismo e a boemia. Na filosofia, uma das Meditações, de Marco Aurélio, é invocada: “[Sua decência] não depende do testemunho dos outros”. George Bernard Shaw, John Ruskin e Michel de Montaigne justificam a solução política, enquanto que para o cristianismo sobrou a missão de valorizar o divino deixando a luta de classes terrena num segundo plano. Aos boêmios e as suas teorias de contrariar como foi o caso dos surrealistas e dadaístas, Botton dá a mensagem de ir contra a corrente. Todas as cinco soluções, segundo ele: “dão legitimidade a todos que não estão dispostos a seguir obedientemente as idéias dominantes de status elevado”
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