segunda-feira, novembro 06, 2006

aforismos

* Qual o gosto que tem a noite? É miséria com sal, solidão com pimenta ou treva azeda.

* Sem ressentimentos, sem receber sentimentos; sem perceber senti menos; sempre sem ti, minto.

* Pergunte ao sopro o que fazer quando o vento alicia minha nuca, com sua concepção de brisa em prosa.

* Bicho triste é o segundo, que passa mais rápido que a distância entre o pensamento e a escrita.

* Não quero deixar rastro, quero pegadas de faquir, que marquem mais os pés que os pregos.

* Tudo é a religiosidade dos ponteiros de um relógio.

* Se os provérbios são compostos de sonhos, então me retiro da sentença.

* Escuro, selva do silêncio. Local onde as flores nascem murchas e a luz se dilui em gotas de sombra.

* Cavalgar a apoteose. Dominar o fim até que ele esteja maduro, ao ponto de bem-te-vi ao cio.

* Os bares são pessegueiros com frutos querendo despencar do pé.

* A insônia é a lavagem das sombras, sob a saia do inconsciente.

* Temperança é quando o homem tempera a tempestade em bonança branda.

* A tosse é o quasímodo necessário do pulmão.

* Na paz da digestão, os olhos se amparam na distância, em busca de parâmetros para o seu perímetro.

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