Críticas de literatura (textos) e cinema (telona) e também de teatro e música, quando necessário. Artes visuais somente para fruição. Alguma entrevista mais especial também terá vez.
sábado, junho 27, 2009
História infantil em concepção
Esta é uma história infantil que está sendo gestada. Em primeira mão, algumas linhas:
João Livrinho
João Livrinho era um menino muito bonito, cheio de conhecimento, todo ajeitadinho. No inverno, usava dois tipos de capas, uma dura, para evitar a chuva e a ação do tempo, e a outra mais molinha, uma brochura, que aderia mais ao seu corpo e mexia mais quando caminhava.
Infelizmente, João Livrinho não era tão notado pelos seus coleguinhas. Eles pouco davam bola para o garoto. Só era percebido, quando a professora dizia para eles olharem para ele, para lerem e interpretarem o colega. Nem precisa dizer que João Livrinho se sentia super importante. Dava para ler nas suas entrelinhas, um sorriso com o cantinho da boca. Mas a alegria durava pouco.
Batia o sinal para o recreio e ele ficava anônimo. Muita lutinha, correria, mas ninguém vinha falar com ele. E todo o conhecimento que ele tinha era desperdiçado, pois era obrigado a falar sozinho e a se abrir com o vento e com as árvores ao seu redor.
As árvores que eram maltratadas pelo pai de João, o seu Celulose. Ele precisava da madeira das árvores para fazer o papel, que era o seu ganha-pão. Uma vez, o pai teve uma conversa com o filho tentando convencê-lo que a sua empresa fazia reflorestamento, mas como eram eucaliptos, as reservas da água do solo acabavam secando e a natureza sofria mais ainda.
João que era puro conhecimento, sempre tentava dizer para o pai, que o caminho era a reciclagem, utilizar papéis já usados, mas o pai ficava impaciente, pedia para ele não se meter em assunto de gente grande. Às vezes até lhe dava uma surra, que as crianças precisavam ter limites. João chorava no cantinho com cuidado para não molhar as páginas do livrinho que sempre carregava.
Ao dormir, João era tantas histórias ao mesmo tempo. Em algumas, ele era o personagem principal, um cavaleiro ecológico, que cavalgava pelas beiras de rios, impedindo as pessoas de jogarem garrafas plásticas, as pets, na beira.
No sonho, chegava até a ir aos supermercados pedir para que as pessoas comprassem garrafas de vidro. Se comprassem as plásticas, ele grudava um adesivo nas garrafas, dizendo para que eles separassem elas do lixo orgânico: restos de comida, folhas e outros organismos vivos, e também dos papéis e do papelão.
Outras vezes era Dom Quixote, o cavaleiro espanhol; Phileas Fogg, o homem que viajou o mundo em 80 dias; ou até Alice, a menina que mergulhou num mundo de maravilhas. Era um sonhador com páginas acordadas.
Um dia, João Livrinho decidiu pedir para sua mãe, dona Impressora para organizar uma festa que reuniria os seus familiares. Seria uma festa chamada Biblioteca. Todos agrupados, alguns parentes convidando um tio de Livrinho, o senhor Romance, para dançar; outros querendo dançar com a sua tia, dona Poesia. Festa animada, cheia de sopa de letrinhas para comer e de suco de palavras para beber.
A festa corria às mil maravilhas, mas Livrinho tinha muitos planos de levar os seus primos e amigos para tomar um banho de páginas, como eram chamadas as piscinas do clube que ele freqüentava. Lá, entre brincadeiras como bombinhas e caldinhos, Livrinho teve uma idéia de reunir mais chegados para uma aventura para salvar a natureza, principalmente as árvores e os lixões, das ações destrutivas dos homens, muitas até por desinformação e falta de campanhas de conscientização.
Os meninos todos concordaram e também uma amiga e uma prima. Éramos seis agora. Todos com uma grande idéia para salvar os pulmões do mundo.
quarta-feira, junho 10, 2009
Tempestade de lágrimas
O que Clint Eastwood conseguiu ao dirigir e atuar em “Pontes de Madison”, o diretor George C. Wolfe tentou, mas ficou no meio do caminho. O filme de Eastwood, a partir do romance Robert James Waller, foi um melodrama sério, que tira o máximo da narrativa de amor entre um fotógrafo e uma mulher, recuperada pelos filhos dela. Em “Noites de Tormenta” (“Nights in Rodanthe”). Com a dupla de “Infidelidade” - Richard Gere e Diane Lane – à frente do elenco, Wolfe adapta o romance de Nicholas Sparks, sobre uma artista plástica e um médico, que encontram sozinhos numa pousada, durante as tormentas de Rodanthe, no estado americano da Carolina do Norte, passam a ter um nova chance de encontrar o amor. Adrienne Willis (Diane Lane), tenta se recuperar da morte do pai e da traição do marido Jack Willis (Christopher Meloni) e se oferece para cuidar da pousada da amiga Jean (Viola Davis), que tem a reserva de apenas um hóspede, o médico Paul Flanner (Richard Gere). Ele foge do que a sua vida se tornou, após um suposto erro médico e vai tentar refazer o erro, conversando com o marido da paciente que morreu na sua mesa, Robert Torrelson (Scott Glenn) . Os dois estão em busca de encontrar a si mesmo, na relação com os seus defeitos, suas virtudes e com suas famílias. Os méritos do filme são a boa química entre Diane e Gere. (eles dizem que a afinidade deve ter vindo de vidas passadas), a trilha sonora baseada no jazz de Dinah Washington, Benny Brook e Count Basie e os cenários paradisíacos, numa fotografia que privilegia o mar, os bancos de areia e o pós-tormenta. Os pecados são a falta de profundidade do drama, a resolução fácil de alguns nós narrativos e a provocação gratuita a uma tempestade de lágrimas, sem que a história pudesse conduzir até isto.
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