quinta-feira, setembro 17, 2009

Giacomina, uma grande boneca de pau


Acabei de assistir "Giacomina en voyage", do grupo de teatro de bonecos italiano (da Sardenha) Is Mascareddas, dentro da programação do 16º Porto Alegre em Cena. O espetáculo é bem bom, principalmente pelo grau de dificuldade e de movimentos dos bonecos articulados em madeira. Giacomina é uma menina que olha o mundo pela janela de sua casa e resolve conhecê-lo, acompanhada do burro Berrabó, mas ele desaparece misteriosamente e a sua busca passa a ser pelo companheiro. A criança que pergunta, que suaviza o mundo, que tira o véu de uma noiva por pirraça, que cumprimenta as pessoas, mesmo que receba um batida de pratos de percussão como resposta. Uma saga bem bolada, com bonecos inspirados no artesanato de mestres sardenhos da década de 20,30, 40 e 50, do século 20, como Eugenio Tavolara e Tosino Anfossi. Tudo isto embalado por uma trilha sonora belíssima, com destaque para os temas com fundo árabe. Bello.

Aqui publico uma entrevista feita em inglês e italiano com a diretora artística Donatella Pau, o ator-manipulador Antonio Morru e a agente e produtora Maria Carozza:


1- First of all, I would like to know how and why is this homage to Eugenio Tavolara and Tosino Anfossi?

"Giacomina en voyage" richiama un momento storico fondamentale per la nascita del moderno artigianato artistico in Sardegna e getta una nuova luce su un patrimonio culturale, quello della collezione Atte, che ha svolto un ruolo importante nella cultura del Novecento in Sardegna.
ATTE è la sigla della società fondata negli anni 20 da Eugenio Tavolara e Tosino Anfossi a Sassari (the puppets are like some artistic toys whom are realized between 1920 and 1950 by two important figurative artists of our country: Eugenio Tavolara and Tosino Anfossi. They can be included in to Futurism Moviment):
un vero laboratorio di progettazione e creazione di giocattoli e di oggetti, per lo più di legno tornito e policromato, raffiguranti personaggi popolari del mondo agro-pastorale, ma anche urbano, della Sardegna. La sintesi creata dai due artisti, con la semplicità della scultura e l’uso del colore, rende questi personaggi fortemente espressivi trasformando le ambientazioni popolari come il carnevale, le processioni religiose, le sagre paesane, la via crucis, ma anche le favole come Pinocchio, in un patrimonio artistico interessante e prezioso per la nostra isola.
La produzione dei due artisti è stata notevole. Oltre al lavoro di ricerca per la creazione e l’innovazione della produzione artigianale in Sardegna, vi sono compresi, appunto, i giocattoli.

La Compagnia Is Mascareddas vide per la prima volta parte della collezione a Villanovaforru (in Sardegna) nel 1991.
Nel 1996 fu presentata a Sassari (Sardegna) la mostra “Eugenio Tavolara - scultura e arti applicate 1925-1962”. In quelle due occasioni la Compagnia ha potuto ammirare questi pezzi d’arte e già da allora ha pensato di dedicare loro un lavoro di “attualizzazione teatrale”.
Donatella said: a queste sculture mancava il movimento. Noi abbiamo pensato di farli rivivere in una storia che richiama delle atmosfere legate alla nostra isola


2 – What kind of character is Giacomina, always following by Berrabó donkey?

Donatella said: She is our guide trought this ancient and magic world. She go straight and find this world.
She look at this world which it's "like a stone" with a free and cool look. She is a baby who one day lives a story of love and death. She loses her donkey, but at least she find it again. She lives like in an initiatition to life. The adults don't talk like her, but she doesn't care of it.

3 – Tell us about the story, the narrative and animation
Donatella said: it didn't an easy work! the Tavolara and Anfossi's world is made by a lot of interesting caracthers. We started from that figures and after we created a story around them.

4 – Do you know something about puppet animators and animation from Brazil and from Porto Alegre?

Donatella said: Yes, Ubiratan Carlos, Anima Sonho, Compagnia Sobrevento, Catibrum (Lelo Silva and Adriana Focas Festival of Belo Horizonte).

5 – What the next projects of your group?
Donatella said: we are working at a new show without words for adults with two puppetts, Emilio and Norma. It talkes about this couple who try to find some new energy, some strategies for "escape from the misery of life".
At the end of 2008 we opened our new theatre in Monserrato, near to Cagliari, the capital of Sardegna.
Here we're organizing festival, some courses of different performing arts - like animation theatre, contemporary dance and concerts. Our principal purpose is to advance the culture around the Animation Theatre in Sardegna, because in our land there isn't a tradition about it and to bring in Sardegna the most important companies from over the world.

Rock por instantes


O show de Jerry Lee Lewis no Pepsi On Stage na noite desta quarta-feira foi daqueles shows mais dar gostinho do que propriamente para curtir intensamente. O público bem que tentou. As cerca de 1,8 mil pessoas que foram ao local procuraram mostrar o seu vigor rock na atitude, no vestuário - principalmente as mulheres com vestidos que lembravam os bailes americanos das décadas de 50 e 60. Em compensação, o show durou cerca de uma hora, das quais em apenas 38 minutos o pianista natural de Ferriday, na Louisiana com 73 anos e aquele sotaque anasalado do sul dos EUA comandou as ações, com a sua agilidade peculiar ao piano. As primeiras quatro músicas foram com a banda que o acompanhava. Ele desfilou alguns sucessos como Whole Lotta Shakin, Roll Over Beethoven e Great Balls of Fire. O público que pagou de R$ 80,00 a R$200,00 para ver o show saiu com um gostinho de quero mais, mas também com a certeza de ter visto uma lenda viva do rock, fazendo de tudo para mostrar que o rock (seus riffs e atitude) jamais vai morrer, mesmo que os seus protagonistas envelheçam.

terça-feira, setembro 15, 2009

Fadada ao Universal


A seguir publico na íntegra uma entrevista com a cantora portuguesa Mísia que se apresenta no 16º Porto Alegre, na quarta-feira, 16 de setembro, às 21h, no Theatro Sâo Pedro. A entrevista será publicada parcialmente no Correio do Povo. Não há mais ingressos para o espetáculo. O crédito da foto é Divulgação/Poa em Cena


1 - O que você pode nos dizer do show Ruas? O disco duplo é extremamente universal, pois apresenta a música portuguesa (Lisboarium) e investiga o fado que há cada canção universal em Tourists. O show nos remete a este clima "fados em todos os gêneros" e "canções universais com alma portuguesa"?
-O FADO é uma musica mas antes disso ja era uma palavra que significa Destino, Fatalidade.
Em Lisboarium sonha-se uma Lisboa desde longe e ouvem-se fados, Morna e Marchas de Lisboa.
Em Tourists ouvem-se temas de repertórios de artistas que tiveram uma relação tragica com o Destino( Ian Curtis, Dalida, Luigi Tenco, etc) e géneros musicais ( Flamenco, Enka Japonesa, Ranchera, Cançao Napolitana)que cantam noutras línguas de outras culturas, as mesmas emoçoes e sentimentos que canto no Fado. Neste sentido nao me mexo nem um milimetro, estou sempre no mesmo ponto.



2 - Por que decidiste cantar em tantas línguas? Isto revela a importância de extrair a musicalidade de cada língua? Existe projeto de um disco novo e show sem cantar em língua portuguesa?
Acho que cada língua tem uma maneira de sentir a vida e tem uma musica propria das suas gentes. Sempre que posso, evito traducçoes. Sim ha um projecto sobre Chopin para o ano 2010 (Bicentenário do seu nascimento)que penso que sera cantado todo em polaco e francês. Mas ainda esta em embriao.
3 - E a parceria com Adriana Calcanhoto, onde surgiu a ideia deste encontro tão produtivo e como serão as participações dela em seu show e sua no show dela?
Adriana e eu já nos conhecemos há alguns anos em Lisboa onde eu cantei para ela numa casa de Fados. Depois ela foi a minha convidada no concerto do Palau de la Musica de Barcelona, no Festival Unicas, no ano 2007. Sou uma grande admiradora do seu trabalho, cheio de talento e sensibilidade. Seguramente faremos uma colaboraçao cantando alguma musica do repertório uma da outra. Tudo será decidido na energia do momento do nosso encontro em Porto Alegre.
4 - Alguns lhe consideram como uma das principais responsáveis pelo caminho da renovação da música portuguesa. Você concorda com isso e qual a sua proposta para a renovação da música portuguesa?
Nao falarei de mim propria mas o que dizem os livros que agora se publicam em Portugal sobre o Fado é que o que se chama « Novo Fado » começou com o meu primeiro disco em 1991, quando o Fado nao estava na moda nem era parte do fenômeno da World Music. Estou entre Amalia (Rodrigues), que colocou o Fado em quase todo o Mundo num nível insuperavel , e a nova geração. O fado que eu cantei e canto (tendo como principal instrumento a palavra dos poetas que escrevem especialmente para o meu trabalho) nunca foi a resposta a uma demanda da industria discografica ou cultural. Nao sabia se haveria um publico para o meu Fado quando comecei.
Canto o Fado para comunicar com o Mundo e gosto de através dele dialogar com outras disciplinas artisticas de outros paises, com outros artistas, desde Bill T.Jones a Fanny Ardant ou Maria de Medeiros. Desde Patrice Leconte a Maria Joao Pires. O meu fado que respeita os profissionais das casas de fado de Lisboa, tem de ser universal , pois assim eu sinto o mundo. É uma simples linguagen para falar da vida e ser compreendida em Tokyo, em Nova York , em Porto Alegre etc. Cantar o fado é um meio , um instrumento cultural , nao é um objectivo. Nao procuro ter uma voz limpa ou perfeita Gosto de cantar como Maria Madalena, nao como a Virgem Maria …


5 - Para que caminho deve apontar a tua música no próximo registro em disco?
Nao faço a mínima ideia ainda ( risos) De momento estou metida em varios projectos muito diferentes entre si ( Chopin,Musica Barroca, participaçao num filme de John Turturro sobre musica napolitana, um documental que vou fazer sobre o fado no femenino etc). Nao sei se os novos concertos serão gravados, nao é essa a minha preocupação. Sou sobretudo uma intérprete de palco, é aí que reside a minha força que depois pode ou nao vir a transformar-se num disco, DVD, etc
Talvez um disco brasileiro inspirado por Clarice Lispector, Manoel de BArros, Raduan Nassar, Tarsila do Amaral….. quem sabe o que levarei comigo desta viagem ( sorriso) Gostaria muito de conhecer o Chico Buarque….. Sou uma admiradora da música brasileira e gostaria de vir mais vezes a este país.