quinta-feira, outubro 04, 2012

A Lua Castelhana de Maria da Graça



A escritora Maria da Graça Rodrigues lança o seu segundo livro “Lua Castelhana” (Editora Movimento), na noite desta quinta-feira, às 19h, no Mezanino da Livraria Cultura do Bourbon Shopping Country (Túlio de Rose, 80, 2º piso). Dois anos depois da obra de estreia, “Helena de Uruguaiana”, a autora uruguaianense nos traz um romance estruturado em 51 capítulos curtos, contando uma história que se desenrola entre 1950 e 2010 entre as cidades de Bella Unión, Punta del Diablo e Punta Del Este, no Uruguai;  Uruguaiana e Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.

O personagem principal do romance é um jogador de futebol, Juan Rios Ortega, nascido em Bella Unión, mas residente em Uruguaiana. Quando tranfere-se para jogar num grande clube de Porto Alegre, inicia um romance com a jornalista Ana Lúcia Silva, que entrevista um político brasileiro exilado no Uruguai e tempos depois é sequestrada. Em entrevista a este blogueiro, Maria da Graça fala do processo de criação do livro, da história e dos escritores de Uruguaiana, entre outros assuntos.

P - Como foi concebido o Lua Castelhana?
R - Há muito venho colecionando plots para romances.  Só recentemente consegui condições e tempo necessários para mergulhar na feitura de minhas obras de ficção. Muitos se originaram de impressões fortes que me acompanham desde a infância, como é o caso do Lua Castelhana, pleno de lembranças de minha primeira ida ao Uruguai quando tinha em torno de seis anos de idade.

P - Quais as características da escritura dos autores de Uruguaiana?
R - Eu diria que o ponto em comum é o gosto por escrever,  pois cada um tem seu estilo e temática própria. Há uma lista enorme de grandes talentos da literatura nascidos em Uruguaiana. Dando apenas alguns exemplos: Alceu Wamosy e Gonçalves Vianna já falecidos. Tabajara Ruas e Vera Molina na prosa,  Luiz de Miranda, Nei Duclós, Colmar Duarte na poesia e Cícero Galeno Lopes que além de grande contista, agora estreou com sucesso na poesia. 

P -  As temáticas que envolvem o futebol e o sequestro ligado a temas políticos eram do teu universo de vivência ou foram recolhidos ao longo do tempo?
R - Política e futebol são assuntos apaixonantes, não tem como ficar alheio a eles. Mas meu romance aborda o drama humano de um jogador de futebol e não o esporte em si. Quanto a política, sou de uma geração de brasileiros que testemunhou os anos de chumbo. As sequelas deixadas por duas décadas de privação de liberdade e pela barbárie decorrente do arbítrio e do abuso de poder é justamente o foco do meu romance. 

P - Qual a importância das oficinas literárias e dos cursos teóricos como graduação e Pós na área de letras para o desenvolvimento do escritor?
R - Acho que uma boa base teórica pode, sim, colaborar no  desenvolvimento do escritor, mas com limitações. O estilo, a maneira de criar e o que dizer aos seus leitores, isto nenhuma oficina ou curso poderá ensiná-lo. Ele fará estas descobertas sozinho, no simples exercício de sua escrita.   

                                                                                                      

Um comentário:

Débora Mutter disse...

Excelente! Parabéns!
As respostas da autora sobre o processo criativo demonstram a visão madura é comprometida com a literatura em todas as suas dimensões: a humana, a social e, principalmente, a artística. Isso fica claro quando ela reconhece a importância de algum conhecimento e das oficinas, mas admite que a capacidade artística pertence ao escritor, que deve sobretudo ter o que dizer aos seus leitores.