(Esta entrevista foi publicada originalmente na edição online do Correio do Povo e será publicada quarta-feira no caderno Arte & Agenda)
Crédito: Tomas Rangel / Divulgação
O cantor e compositor Djavan,
64 anos, estava há cinco anos sem compor, desde o disco “Matizes” (2007),
quando resolveu conceber ‘Rua dos Amores’, lançado em 2012. Sempre em busca de
algo diferente, Djavan havia proporcionado em 2010 o registro “Ária”, no qual
grava somente canções de outros compositores. Com aquele disco, foi premiado
com o Grammy Latino.
Das 13 músicas de Rua dos
Amores, pelo menos sete estarão no repertório do show de Djavan, marcado para
esta quarta-feira, dia 20, às 21h, no Auditório Araújo Vianna (Oswaldo Aranha,
685). Ele vai cantar o amor, mas sempre em
“busca de algo diferente” na sonoridade e arranjos. No repertório, além
das novas “Rua dos Amores”, “Vive” (gravada e cantada em show na Capital há
duas semanas por Maria Bethânia), “Pecado”, “Bangalô”, “Anjo de Vitrô“, “Já não
somos dois” e “Ares Sutis”, o músico mostra clássicas “Flor de lis”, “Meu bem
querer”, "Seduzir", "Nem um Dia", “Samurai” e “Sina”.
Djavan assina a direção do
show, que conta com cenário e direção de arte de Suzane Queiroz, light design
de Binho Schaefer e figurino de Roberta Stamatto. Ele estará acompanhado por
banda, retomando parcerias como com os músicos
Paulo Calasans (teclados) e Torcuato Mariano (guitarras e violões), além
de Carlos Bala (bateria), Glauton Campello (teclados e vocal), Jessé Sadoc (flugelhorn
e trompete), Marcelo Mariano (baixo e vocal), Marcelo Martins (flauta, saxofone
e vocal)
Pergunta – É
impossível não começar a entrevista sem perguntar sobre o disco “Rua dos
Amores”, que traz a marca de Djavan, mas uma sonoridade ousada e diferente dos
registros anteriores?
Djavan – Este disco veio
depois de ‘Ária’ (2010), que eu gravei com músicas de outros compositores, o
meu lado crooner. ‘Ária’ ganhou o Grammy Latino e teve grande repercussão, mas
desde o “Matizes” (2007) eu não tinha parado mais para compor. Achei que estava
com dificuldade para compor. A Maria Bethânia me pediu uma música e compus
“Vive” e as músicas foram saindo normalmente. O amor é o elo de ligação do
disco e do show, com as sensações, as emoções, a segurança, o medo relacionado
a este sentimento.
Pergunta – Conte-nos um pouco
sobre o show e o repertório. Quais são as músicas novas e as clássicas contidas
nele?
Djavan – Primeiro quero
dizer que será um prazer me apresentar no Auditório Araújo Vianna novo por toda
a história que ele carrega consigo. Do disco novo são sete músicas (Rua dos
Amores, Pecado, Já Não Somos Dois, Ares Sutis, Anjo de Vitrô, Bangalô e Vive).
Quanto às músicas de toda a carreira, serão muitas como “Sina”, “Seduzir”,
“Oceano”, “Samurai” e “Nenhum Dia”.
Pergunta – Tanto no disco quanto
no show, você retomou parcerias com alguns músicos. Fale-nos sobre esta
retomada.
Djavan – É uma retomada
mesmo. São os músicos com os quais toquei há muito tempo. Com o Paulo Calasans (teclados)
e o Carlos Bala (bateria) fazia mais de uma década. Mas a maioria dos músicos
são daqueles que dão alegria de estar junto no mesmo palco, como o Torquato
Mariano, o Marcelo Mariano, tenho o Jessé Sadoc no trompete, o Glauton
Campello, o Marcelo Martins. O nosso show, sem falsa modéstia, é empolgante por
isso. Os comentário e críticas que tenho recebido ratificam isto que estou
dizendo.
Pergunta – Estes 40 anos de
carreira cada vez mais atestam a maturidade do Djavan em todas as possíveis
funções dentro da música. Como você vê a ação do tempo na sua música?
Djavan – Lógico que o
tempo faz com que a gente vá lapidando. Em tudo o que a gente faz, inclusive na
música que é o meu ofício, a busca pela excelência é sempre constante. Na
música, eu tento transitar por todos os gêneros e também por todas as funções,
eu componho, canto, toco, faço os arranjos e a produção. Trabalho de maneira
íntegra, gosto de abraçar estas tarefas todas. A produção é importante para
sedimentar a tua ideia, de maneira própria. O disco foi muito feliz e o show
ratifica a felicidade do disco.
Pergunta – E sobre o público
gaúcho?
Djavan – O Rio Grande do
Sul é um estado que tem uma relação com a música, que é intensa e bem
detalhada. É bom você cantar para quem gosta de ouvir e tem um ouvido bastante
seletivo. O público gaúcho sempre cresce nos shows. Até na internet, o retorno
que temos do público do Sul é de pessoas que sabem o que estão ouvindo.
Pergunta – O que você ainda
persegue na vida ou na música?
Djavan – O meu foco é
sempre querer fazer algo diferente, algo que soe original. O que me mantém é
sempre a ilusão de que estou fazendo algo diferente, algo novo. Nem precisa ser
verdade, mas eu tenho que acreditar que está sendo.
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