quinta-feira, março 21, 2013

Cantar os amores é a sina de Djavan




Fotos: Fabiano do Amaral / Correio do Povo

O verbo mais conjugado na noite desta quarta-feira, 20 de março, num Auditório Araújo Vianna praticamente lotado foi aquele que Caetano Veloso parodiou na homenagem que Djavan fez ao baiano em "Sina", música que encerrou o show no bis, após 2h05min de sucessos, canções de "Rua dos Amores", o disco mais recente de 2012 e uma interação invejável com a plateia que cantou todas as músicas com o ídolo. Que verbo foi este: "Como querer djavanear o que há de bom". Foi djavaneando que o público assistiu e participou ativamente do show com 23 músicas, três no bis.

Aos acordes da faixa-título do disco mais recente, "Rua dos Amores", às 21h11min, Djavan veio ao palco, com aquele lado meio crooner, meio dançarino, cantando, dançando e girando com um terno branco e um instrumental de puro balanço e romantismo, proporcionada pela super banda formada por Carlos Bala (bateria), Glauton Campello (teclados e vocal), Jessé Sadoc (flugelhorn e trompete), Marcelo Mariano (baixo e vocal), Marcelo Martins (flauta, saxofone e vocal), Paulo Calasans (teclados) e Torcuato Mariano (guitarras e violões). As duas músicas seguintes foram do disco novo, "Acelerou" e "Já Não Somos Dois". Ao fundo um cenário feito de retalhos brancos, interagindo com o light design de Binho Schaefer.



Com Asa, Meu Bem Querer e Vive, o amor foi verbo transitivo direto. "Meu bem querer é segredo, é sagrado e está sacramentado em meu coração". Quem, em sã consciência, iria dizer que não sabe cantar este verso inicial. Ninguém. O momento de maior emoção da noite foi quando Djavan sentou ao melhor estilo banquinho e violão e antes de cantar "Bangalô", também do novo disco, desabafou com voz embargada sobre a morte do cantor e amigo Emilio Santiago, ocorrida nesta quarta: "A gente está tentando fazer o melhor neste show, mas está um pouco triste, pois perdemos um grande amigo, cantor, pessoa boníssima, Emilio Santiago". O público reagiu com palmas de dois minutos e Djavan emendou: "Deus o receberá muito bem no céu, pois ele era um cara muito bom". Depois, a voz de Djavan faltou em alguns tons de "Bangalô". Emoção pela perda do intérprete de "Saigon", que já gravou "Oceano", de Djavan, que foi a música seguinte. Com uma luz azul cor de oceano e luz branca em ritmo de ondas sobre o público, o alagoano deixou o coro de quase 3 mil vozes fazer a sua parte e entoar: "Amar é um deserto e e seus temores / Vida que vai na sela dessas dores / Não sabe voltar / Me dá teu calor".

Desfilando sucessos como "Flor de Lis" e "Serrado" com um embalo meio MPB, meio jazz e sopros únicos de Marcelo Martins e Jessé Sadoc, Djavan chamou o público para dançar em "Samurai" e as pessoas responderam, ficando todos em pé e com grande parte acorrendo para a zona do gargarejo, onde Djavan cumprimentava dezenas de mãos enquanto cantava. Depois, o sedutor cantor e compositor atacou de "Seduzir" que cativou as mulheres, protagonistas daqueles gritinhos nos intervalos entre músicas, tipo "lindo" e "maravilhoso". Ele agradeceu, saiu do palco, mas voltou após quatro minutos para um bis com três músicas, com as românticas "Nem um Dia" (quando chegou a errar a letra da música, mas já tá perdoado) e "Se", fechando com "Sina" a conjugação mais que perfeita do verbo djavanear. "Obrigado pela acolhida maravilhosa. Porto Alegre é mesmo uma cidade muito musical", disse um emocionado, maduro e cada vez melhor aos 64 anos, Djavan.





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