sábado, janeiro 12, 2013

Quando a separação é um dilema




       As comédias românticas possuem estruturas arquetípicas que todos nós conhecemos e quando nos deparamos com a formula de sempre, o efeito é sempre bom, um mais do mesmo que agrada. Porém, quando a estrutura convencional é subvertida ou pervertida, conforme o depoimento da atriz, roteirista e produtora Rashida Jones, aí o resultado pode ser surpreendente, inteligente, refrescante, para usar uma palavra em voga na crítica norte-americana. Estou falando de Celeste e Jesse para Sempre, filme dirigido por Lee Toland Krieger, a partir de roteiro escrito a quatro mãos por Rashida Jones (filha de Quincy Jones) e Will McCormack, também ator e produtor da obra, amigos de longa data. O resultado é uma comédia romantica indie, que lembra muito alguns filmes dos anos 80, tipo A Garota de Rosa Shocking , por causa da trilha que vai Suzanne Kraft a Lily Allen, ou Harry & Sally – Feitos um Para o Outro, por causa do roteiro criativo e dos diálogos inteligentes.
    
     A ideia da dupla de roteiristas era exatamente tratar de um jovem casal, que cresceu junto e que se considera o melhor amigo um do outro, mas que aos 30 anos resolveu se divorciar e não quer perder esta amizade. Uma comédia sobre a desilusão é como Rashida e Will definem. Rashida é Celeste, sócia de uma empresa de mídia e tendências em Los Angeles, e Andy Samberg é Jesse (não confunda com o seu personagem anterior, o Eisenberg do Facebook, em A Rede Social), um artista gráfico meio desligadão que leva a vida na base do surf e do grupo de amigos, que não apressa a vida. Isto incomoda Celeste, que já tem uma vida estabelecida.

  
      O filme inicia do ponto de vista do casal que está há seis meses separado e encaminhando os papéis do divórcio, mas que faz todas as coisas junto. O pequeno ponto de virada inicial do filme é quando o casal de melhores amigos Beth (Ary Grainor) e Tucker (Eric Christian Olsen) resolve dar a real e dizer que é insano eles estarem separados e comportarem-se como almas gêmeas, isto numa cena em que eles imitam um casal com sotaque inglês, mas em outros momentos eles mostram esta cumplicidade extrema como quando eles pegam uma bisnaga de creme, pomada ou maionese e simulam uma masturbação.


      
      Sem querer criar um spoiler ou contar o que vai acontecer no filme, o interessante da discussão suscitada pelo filme é exatamente este rumo à maturidade, este desligamento do amor iniciado entre a infância e adolescência, o querer ser grande, como diria aquele filme protagonizado por Tom Hanks. Os amigos de ambos os aconselham a conhecer outras pessoas e Jesse sai na frente conhecendo uma bailarina chamada Veronica (Rebecca Dayan). Como Celeste quis a separação, esta notícia o deixa arrasada. Numa aula de yoga, ela conhece o analista financeiro Paul (Chris Messina) e tenta acertar no amor. 

      Com coadjuvantes de luxo, como o próprio Will McCormack que é Skillz, um traficante de drogas leves; Elijah Wood, como Scott,  o amigo gay de Celeste, e Emma Roberts, como Riley Banks, uma pop star supostamente descerebrada, o filme discute o ocaso dos relacionamentos e chegada da maturidade verdadeira, mas também a indústria da música, do marketing, como quando um logo de Riley Banks tem uma interpretação sexualizada, entre outros tantos temas desta geração dos 30 anos, mas que se aplica aos quarentões e cinquentões antenados. Uma comédia romântica interessante, com a fórmula que se aproxima mais do real do que do happy ending e que trata de forma leve, e ao mesmo tempo séria, do tema da separação.

Créditos das fotos: Paris Filmes

CELESTE E JESSE PARA SEMPRE
Realizado por LEE TOLAND KRIEGER
Escrito Por      RASHIDA JONES e WILL MCCORMACK
Musica            SUNNY LEVINE e ZACH COWIE
Fotografia       DAVID LANZENBERG
Montagem       YANA GORSKAYA
Estrelando      RASHIDA JONES, ANDY SAMBERG, CHRIS MESSINA, ARI GRAYNOR, WILL MCCORMACK, EMMA ROBERTS E ELIJAH WOOD

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